28 junho 2010

24/04/2009

  
Desde que descobrimos que os nossos caminhos se cruzam, tenho-te visto todas as manhãs ao longo desta semana.

Olhares entrelaçados, sorrisos esboçados, dissimulados entre um pestanejar, um gesto mal disfarçado ou um virar de cabeça.

Fumas o teu cigarro, quando eu passo cerras o maxilar, não sei se para conter alguma palavra que possa fugir da tua boca ou se receias a minha reacção. Olho-te ofegante ... sinto a pulsação no pescoço ... dou uma inspiração forte e sinto o ar que me queima as entranhas.

Mas hoje foi diferente ... ao subir as escadas reconheço a tua silhueta, encontras-te encostado no topo das escadas ... sei que me esperas ... continuo a subir. 

Sinto-me em camâra lenta, absolvo cada segundo ... o burburinho de quem passa, a informação do comboio que chega, olho-te por debaixo da minha franja, sorris e dizes "bom dia" expectante pela minha reacção ... viro a cabeça encaro o teu olhar e respondo com outro "bom dia" embaraçado ... baixo o olhar ... não sei o que receio mas volto a olhar-te e lá estás tu, sereno, pelo menos aparentemente ... trocados os sorrisos continuo o meu caminho.

Lá de cima consigo ver-te por mais 3 ou 4 minutos, falas ao telemóvel, olhas intensamente para mim ... deixo o sol bater na minha face, absorvo este momento, esqueço a minha vida, deixo passar 3 autocarros e opto por ir no 4º.




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