30 junho 2010

18/09/2009

  


(Selo da entrada do túmulo de Tutankhamon - 1922)


Quando o selo é quebrado e o segredo desvendado, a magia desaparece ...

Sei que tenho forma de arranjar novos mistérios, novas formas de paixão, desejo e sedução.

Sei que estou diferente, sinto-me diferente, tenho vontade própria, reforço diariamente a segurança e a confiança que tenho em mim.

Sei que sou capaz ... não de mudar o Mundo ... mas de mudar o MEU Mundo.

Tenho uma sede vampiresca de viver o amanhã, de saber como vai ser ... o que irá acontecer.

Sei que tenho que controlar esta vontade de compreender o porquê do que me rodeia, o porquê dos acontecimentos vividos ou imaginados, porque razão acontecem, quero encaixar tudo como um puzzle e faltam-me tantas peças ...

Mas estou aqui, estou forte, saudável e feliz. Pronta para enfrentar o que me surge pela frente.


27/04/2009


 
Enquanto atravesso o átrio da estação começo a sentir o coração a bater rápido, pensei "que raio ... ainda nem comecei a subir as escadas ...", quando início a subida do 1º lance de escadas vejo-te de imediato lá em cima, passo por ti e entre um sorriso rasgado e palavras surdas enquanto dizes olá, respondo-te com um bom dia estupendo.

Chego ao topo, como de costumo e fico a observar-te e tu de repente desapareces e fazes um pequeno sinal que eu não entendo ... franzo a testa. Passas por baixo do túnel e voltas a aparecer-me no outro lado da estrada, fico amedrontada, já sei que vens falar comigo e saio do suposto caminho por onde vais passar.

Mesmo assim não evito que me faças sinal que queres falar comigo e dizes-me que vais no bus das 12.30 e então respondo-te "eu hoje não vou no autocarro". Já tinhas começado a descer e voltas para trás, estabelecemos um pequeno diálogo de 30 segundos, ignorei tudo e todos à minha volta, pareceu-me que fizeste o mesmo. Perguntas "e a que horas costumas ir?" ... e eu justifico que só vou de bus quando não tenho boleia. Sorris e baixinho dizes "vemo-nos por aí" ao que eu respondo com um "tchau". Enquanto te vejo a descer as escadas fico com a tua voz doce e suave nos meus ouvidos e reparo que estou tranquila, até agora estou a gostar da abordagem.

Ora bem ... começou uma nova fase, já sei que nos vamos falar muitas vezes, estou desejosa para ouvir o que me tens para contar, quero contar-te tanta coisa, penso eu ... mas estou certa que aquele primeira magia já se perdeu com este abordar, aquele mistério do "quem és tu ... o que fazes por aqui", mas é assim perder-se umas coisas, ganham-se outras. O importante é viver e apreciar o que se vive.



28 junho 2010

24/04/2009

  
Desde que descobrimos que os nossos caminhos se cruzam, tenho-te visto todas as manhãs ao longo desta semana.

Olhares entrelaçados, sorrisos esboçados, dissimulados entre um pestanejar, um gesto mal disfarçado ou um virar de cabeça.

Fumas o teu cigarro, quando eu passo cerras o maxilar, não sei se para conter alguma palavra que possa fugir da tua boca ou se receias a minha reacção. Olho-te ofegante ... sinto a pulsação no pescoço ... dou uma inspiração forte e sinto o ar que me queima as entranhas.

Mas hoje foi diferente ... ao subir as escadas reconheço a tua silhueta, encontras-te encostado no topo das escadas ... sei que me esperas ... continuo a subir. 

Sinto-me em camâra lenta, absolvo cada segundo ... o burburinho de quem passa, a informação do comboio que chega, olho-te por debaixo da minha franja, sorris e dizes "bom dia" expectante pela minha reacção ... viro a cabeça encaro o teu olhar e respondo com outro "bom dia" embaraçado ... baixo o olhar ... não sei o que receio mas volto a olhar-te e lá estás tu, sereno, pelo menos aparentemente ... trocados os sorrisos continuo o meu caminho.

Lá de cima consigo ver-te por mais 3 ou 4 minutos, falas ao telemóvel, olhas intensamente para mim ... deixo o sol bater na minha face, absorvo este momento, esqueço a minha vida, deixo passar 3 autocarros e opto por ir no 4º.




25 junho 2010

Como tudo começou

É daquelas coisas que não tem explicação, ela anda de autocarro, ele também.

Ele olha, ela disfarça e depois olha também.

Ele sorri, ela corresponde.

Ela senta-se, ele senta perto.

Isto foi acontecendo durante cerca de 2 anos.

Até que um dia ...

Ela começou a ir de manhã com uma amiga até à estação do comboio, a amiga ia para o emprego de comboio e ela apanhava o autocarro na estação onde ele descia sempre.

Ela já se tinha interrogado para onde ele iria, nunca lhe passou pela cabeça que era mesmo ali que ele trabalhava.

Um dia, em meados de Abril de 2009, ela estava na paragem para apanhar o autocarro, nunca lhe passou pela cabeça que ele lhe iria surgir à sua frente, ela mostrou um sorriso surpreendido e ele sorriu com aquele ar safado que lhe é característico, entreabrindo os lábios ao mesmo tempo que passa com a ponta língua e mordisca o lábio inferior. Foi um sorriso puro. O pensamento dela voou à velocidade da luz, tentou perceber onde é que ele estaria ... porque ela não o viu quando atravessou aquele átrio cheio de gente.

E foi o inicio, ele viu-a no átrio da estação, meteu-se no seu caminho, mostrou-se.

E as vidas deles nunca mais foram as mesmas.